Confesso que surpreso fiquei ao ser entrevistado por um Assessor
de Comunicação da Prefeitura Municipal de Piancó captando a opinião dos
comerciantes, prestadores de serviços, micros e pequenos industriais e população
em geral do nosso município sobre o que foi o ano de 2013 em termos de economia
local e suas expectativas para o ano já em curso.
Uma louvável iniciativa por parte da Gestão Municipal
conferir “in loco” o que sente na pele os empreendedores da hoje cidade sede da
Região Metropolitana do Vale do Piancó; apesar de inúmeros parâmetros, não tão
satisfatórios, sobre este assunto já termos em mãos mostrando um certa
fragilidade da nossa economia. Louvável, pois com estes dados coletados de
forma individualizada, a atual gestão conseguirá de forma sintética visualizar
os pontos positivos e negativos direcionados hoje à quem tenta manter um
pequeno comércio, uma pequena prestadora de serviços e uma pequena indústria em
nosso município. Digo isto, pois todos estes setores, com algumas exceções,
ficam a margem de incentivos de toda e qualquer natureza e são estes na verdade
quem mais geram emprego e renda em nosso município. Inúmeras instituições para
o fomento existem, de sobra até, na forma de parceiros predispostos a induzir o
fortalecimento da nossa economia e estimular o nosso desenvolvimento; mais do
que necessário e que requer uma certa urgencia até, para que não
continuemos assistir apenas e tão somente o crescimento do perímetro urbano de
nossa cidade, que nada mais é do que um fato provocado apenas pelo êxodo rural já
quase perene em Piancó.
A estes dados coletados nesta pesquisa podem ser acrescidos:
·
Informações oficiais do IBGE, cujo papel maior é
manter estatísticas atualizadas do nosso País e todos os seus municípios,
inclusive o nosso;
·
Dados das Receitas Estadual e Federal;
·
Números oficiais também das instituições
financeiras que aqui atuam ou deveriam atuar com mais ênfase no estimulo ao
nosso desenvolvimento sustentável;
·
As inúmeras opiniões e sugestões externadas por
inúmeros cidadãos piancoenses nas recentes CONFERÊNCIAS que ocorreram bem
recentemente em nosso município, onde assistimos uma participação interessante
de inúmeros segmentos da nossa sociedade;
·
Conferir as autarquias que estão presentes de
forma contundente em nosso município e cobrar a inserção de Piancó no mapa de
atuação daquelas que não são provocadas por nós piancoenses; e como disse
acima, inúmeras são estas autarquias prontas à nos ajudar: SISTEMA S, CINEP, CENDAC PB, PEASA, EMBRAPA, Federações de todo
e qualquer setor, Parques Tecnológicos, Institutos, Fundações, Universidades, Cooperativas...
Basta que pessoas realmente interessadas pelo nosso engrandecimento, partam em
busca dos serviços destes parceiros com o aval do Município e de toda a
coletividade como um todo;
Dados suficientes para se fazer um
sério diagnóstico temos... História, Piancó tem de sobra... Só devemos é
combater de forma eficaz a forte injustiça social aqui praticada; pois inúmeros
são os piancoenses que aqui resistem e ficam, mesmo com uma série de adversidades a sua frente;
e outros, que à sua terra natal querem retornar; porém tendo para estes a oportunidade de
aqui levar sua vida de forma digna. Piancó já parou para pensar, de forma séria,
o porquê de inúmeros filhos seus daqui partirem para outros centros e não mais
voltarem? Piancó já parou para pensar que inúmeros apaixonados por esta TERRA a
ela retornaram e tentaram fixar residência sem lograr êxito? Tenho uma forte
impressão que o número de piancoenses que hoje moram fora supera aos
piancoenses que relutam “pegar o último pau de arara” e em seu território insiste viver ou sobreviver; não sei ao certo!
Ao expor minha modesta opinião, jamais veio à minha cabeça a intenção de passar a ideia de que em
Piancó tudo vai mal e que todos aqui vivem mal. Seria uma ingenuidade sem
tamanho de minha parte fazer tal insinuação. Mas vejo necessário dizer que
Piancò precisa urgentemente de uma mudança comportamental para que as
adversidades vividas por uma grande maioria seja, o mais breve possível,
atenuada.
É de conhecimento de todos que
alguns instrumentos surgiram em nossa cidade nos últimos anos para assistir aos
seus filhos e até de outras cidades. Isto é bom e também necessário, pois recursos
circulam quando na construção de uma dada estrutura para prestação de um dado
serviço no mesmo e fontes para manutenção destes serviços vem periodicamente;
além da continuidade do serviços que passarão a ser prestados para toda a
comunidade. É mais do que certo que estes recursos somam, contribuem e
muito com a circulação da moeda no nosso município. Mas não tenho o receio de
afirmar que sua permanência aqui é pouco duradoura, pois são recursos que na
sua grande maioria migram quase que no mesmo instante para outros centros; por
meio de pagamentos efetuados a profissionais de outros centros onde os mesmos residem e
fazem seus investimentos; como também na aquisição de equipamentos e produtos
aqui utilizados, porém produzidos também em outras localidades. Daí esta moeda ser
tão volátil e, economicamente falando, contribuir menos do que pensamos em nossa economia local.
A moeda se torna mais forte e
consistente em nosso meio quando um dia passarmos a produzir algo aqui e vendermos
esta produção em outros centros; como acontece graças aos poucos
empreendimentos que aqui foram erguidos graças a ousadia de alguns piancoenses
que apesar das contrariedades do lugar, apostam e insistem em trazer o desenvolvimento
para junto de nós. Se estes exemplos forem seguidos por outros, mais moeda de
fora entrará em nossa cidade e aí sim, teremos uma sustentabilidade e como
inserir mais pessoas neste contexto: por meio do seu serviço, uma renda
é assegurada ao mesmo e uma melhoria no seu padrão de vida garantida; gerando reflexos positivos em nosso meio.
Para concluir este enfadonho
raciocínio de um cidadão comum: “Piancó
perdeu suas receitas que nos davam uma certa sustentatibilidade: no abandono a
sua agricultura familiar; na extinção do comércio da oiticica; quando no extermínio,
por um inseto, do seu “ouro branco” (algodão); quando deixou de mecanizar a produção nos seus modestos engenhos de cana de
açúcar; na pesca predatória e na falta de ações no repovoamento de peixes no Açude Estevam Marinho com boa parte de
suas águas em nosso território, levando ao fim o comércio pujante de peixes da época
(onde se via até três feiras de peixe por semana). Após isto, Piancó acomodou-se,
buscou tão somente rendas no serviço público municipal e estadual e assim se
encontra hoje, infelizmente!
Queira DEUS que PIANCÓ saia desta
letargia; busque a sua vocação econômica que esteja em sintonia com os dias
atuais; cresça de fato e saia desta dependência quase que total dos cofres públicos;
pois o que neles são injetados, devem ser revertidos em serviços diretos à toda
a coletividade. Que sejamos mais solidários e mais atentos às inovações que o
mundo moderno nos apresenta todos os dias.
Diz um historiador que quando na
inauguração do Açude Estevam Marinho, o então Presidente Getúlio Vargas
recomendou Piancó se preparar para ser uma promissora cidade! No entanto nossa
cidade ignorou este recado, não soube fazer a correta leitura deste conselho e
hoje paga um alto preço por isto.
Francileudo Lopes da Silva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário