Professora critica ensino médio voltado para aprovação no vestibular

Comissão especial que estuda o conjunto de reformas para o ensino médio recebeu a presidente da Federação Nacional das Escolas Particulares, Amábile Pacios. Durante a audiência pública, a professora defendeu a integração das atuais 13 disciplinas obrigatórias do ensino médio em torno de quatro grandes áreas do conhecimento e destacou que as escolas devem estimular o uso das novas tecnologias de informação em sala de aula. Para Amábile, o segundo grau se reduziu a um nível de ensino preparatório para aprovar alunos no vestibular.
"Hoje, por vezes, ele tem uma função de preparar para o vestibular e conduz, então, por três anos, a vida de um estudante em função do vestibular. Acho que isso é uma questão que preocupa todo mundo que faz o ensino médio, porque ele deveria dar ao estudante, além de toda a formação cognitiva, a oportunidade de algo a fazer na sua vida, além do vestibular"
A professora explica que a lógica da aprovação no vestibular obriga os alunos a estudarem conteúdos que depois vão ser descartados.
"Primeiro porque você obriga a escola a ensinar tudo de física, tudo de química, tudo de biologia, tudo de história, tudo de geografia. Então, em três anos, eles têm que acumular todo o conhecimento que a humanidade fez até agora. Então, isso dá um volume muito grande de informações. É muito complicado você selecionar. A seleção normalmente é feita externamente à escola, porque é exatamente aquilo que cai no vestibular e que você acaba ensinando. Então, você sufoca o estudante com uma série de informações e, na realidade, você perde o foco da formação que você deveria dar naquele momento da vida de um adolescente"
Na mesma linha, o deputado Jean Wyllys, do PSOL do Rio de Janeiro, acredita que a preocupação excessiva com o vestibular está prejudicando a formação dos estudantes do ensino médio.
"E a gente vê que uma escola de ensino médio que está voltada apenas à concorrência no vestibular, para habilitar os alunos a prestarem o vestibular, leva a contrariar aquele princípio que está definido nos parâmetros curriculares nacionais. O ensino médio deveria formar cidadãos humanistas, reconhecedores da diversidade cultural, respeitosos da diferença e conscientes dos direitos que lhes cabem"
A partir de abril, a comissão especial vai realizar uma série de seminários estaduais nas 27 unidades de federação, além de um seminário nacional para entregar um relatório conclusivo até o final do ano.

De Brasília, Ricardo Viula

Portal da Câmara 
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